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Mostrando postagens de junho, 2025

Dividendo: o pão nosso de cada dia… desde que você saiba onde está a padaria

Vamos começar pelo óbvio: dividendo é o nome do jogo . Desculpem os fãs de day trade, criptomoedas e outras modinhas que brilham mais do que entregam — aqui, neste espaço que só quem tem estômago e paciência frequenta, sabemos que o dividendo é o santo graal da independência financeira. É ele que lubrifica as engrenagens da carteira de investimentos raiz, que faz a tal bola de neve crescer até que você esteja mais preocupada em escolher o destino das férias do que com o saldo da conta. Quando digo dividendo, que fique claro: falo também dos mimos conhecidos como Juros sobre Capital Próprio (os JCPs, íntimos de quem já superou a fase "Tesouro Selic é renda variável"), e das bonificações que, de tempos em tempos, surgem como aquele parente que traz um presente inesperado na festa de aniversário — você nem contava, mas adora quando aparece. Sim, a tríade sagrada — aporte, reinvestimento e tempo — funciona e transforma. Mas calma, aspirante a Warren Buffett tupiniquim: o caminh...

Não Tenho Dinheiro, Mas Tenho Parcelas. (Como crianças aprendem a se endividar antes mesmo de fazer tabuada)

Vamos começar com um tapa de luva de pelica e açúcar refinado: se seu filho aprendeu a parcelar o chocolate em três vezes no débito, parabéns — ele teve o melhor MBA do mercado: a convivência com você. A escola pode muito, mas não pode tudo. Pode ensinar a tabuada da multiplicação, mas não consegue reverter o déficit emocional de uma infância inteira cercada por boletos vencidos, cartões estourados e frases do tipo: “A gente trabalha tanto, merece esse mimo”. Merece? Talvez. Aguenta? A fatura diz que não. Não é falta de conteúdo escolar. É excesso de incoerência domiciliar. A criança aprende observando. E o que ela vê é que o carrinho cheio no supermercado é mais importante que a conta cheia no fim do mês. Vê também que há um padrão de vida sendo financiado por um padrão de desespero. Isso sim é educação financeira — do tipo que se absorve antes mesmo de saber o que é uma taxa de juros. Não estou dizendo que todo pai é um influenciador da ruína financeira. Mas convenhamos: se a infânci...

O Investidor Desconfiado, o Porquinho Aposentado e a Muralha Invisível da Ignorância Financeira

Vamos direto ao ponto: no Brasil, poupar ainda é tratado como um milagre, investir como um enigma e entender qualquer um dos dois como um dom reservado aos seres iluminados que falam a língua do Excel fluente com sotaque britânico. E, convenhamos, essa língua é bem menos sexy do que parece. Antes que você ache que estou aqui para te ensinar a ficar rico com um pix de R$ 100, fique tranquilo: não é esse tipo de blog. Aqui a gente prefere verdades nuas — mesmo que estejam cobertas com uma boa camada de ironia. Primeiro fato inconveniente: pouca gente poupa. E nem toda alma piedosa que consegue guardar algum trocado vira investidor. Na maioria das vezes, vira cliente da poupança. Sim, ela mesma: a aposentada de salto baixo do sistema financeiro, que há décadas habita o imaginário do brasileiro como símbolo de segurança, mas que, na prática, é uma tia solteira que serve café morno e cobra caro pela visita. Mas por que insistimos tanto nela? Porque ela não morde. Porque é igual em qualquer...

BEST’S ME: A Carteira que Sussurra “A Melhor Sou Eu”

Antes de mergulharmos no mar revolto das carteiras infladas e das promessas de riqueza instantânea, vamos ancorar em águas mais seguras — aquelas onde os tubarões já foram domesticados e os golfinhos recebem dividendos. A filosofia BEST’S ME — Bancos, Energia, Seguros, Telecom, Saneamento e Materiais Essenciais — não é apenas um acrônimo criado com carinho, é um escudo contra a insanidade coletiva que tomou conta do feed financeiro. Esses setores são os pilares da economia. Não brilham no TikTok, não rendem stories com foguetes subindo, mas entregam exatamente o que prometem: estabilidade, recorrência, previsibilidade. Ou, para quem prefere ouvir com música de fundo: são os setores que continuam funcionando quando o país está desmoronando e o Wi-Fi insiste em cair. Comece com Três: A Santíssima Trindade da Lógica Financeira Imagine começar sua jornada de investimentos com apenas três ações desses setores. Isso mesmo: três. Não trinta. Não treze. Três. Porque a sabedoria, diferente d...

Fossos, não barreiras: ou como investir em empresas que ninguém consegue abandonar (mesmo que quisesse)

Se você achava que o “moat” — aquele fosso medieval que protegia castelos de ataques inimigos — era uma relíquia romântica, típica de livros de cavalaria, prepare-se para revisitar o conceito. Só que agora troque os cavalos por frotas de caminhões financiados a juros camaradas, os castelos por holdings multibilionárias e as lanças por… contratos de fidelização. Sim, caro leitor: no mercado, o verdadeiro “fosso” não é feito de água estagnada nem de jacarés famintos, mas de dependências institucionais, contratos quase perpétuos, monopólios naturais e uma dose cavalar de pragmatismo. E acredite: são esses fossos que protegem as empresas que você deveria considerar ao montar sua carteira previdenciária. Enquanto alguns investidores ainda se distraem com discussões rasas sobre “barreiras de entrada” — aquela velha conversa sobre quanto custa começar um negócio no setor tal — nós aqui preferimos ir direto à jugular: quais são os setores e empresas das quais, mesmo que você queira, simplesm...

Felicidade em Lata, Prosperidade com Raiz: Como Sobreviver à Indústria da Alegria e Buscar a Sabedoria que Realmente Importa

Se você acha que felicidade é um direito inalienável, provavelmente já foi fisgado pelo marketing emocional da modernidade. Não se culpe. Somos todos vítimas — ou melhor, clientes — dessa indústria bilionária que nos vende a promessa de uma vida plena, embalada a vácuo e com data de validade. E aí entra em cena Manufacturing Happy Citizens — ou, traduzindo livremente, "Como Fabricar Cidadãos Contentinhos". Edgar Cabanas e Eva Illouz escancaram o que muitos fingem não ver: a felicidade virou commodity. Sim, meus caros, felicidade agora é protocolo corporativo, diretriz governamental e mantra de autoajuda. Seja resiliente! Seja positivo! Administre suas emoções como quem administra um portfólio — diversifique, minimize perdas, maximize sorrisos. A psicanálise foi substituída pela consultoria motivacional; o divã, por podcasts sobre “como ser a sua melhor versão” em cinco passos rápidos, de preferência enquanto você pratica mindfulness entre reuniões. Na contramão desse self-...

Crer para ver: como investir no Brasil sem perder a sanidade — ou o bom humor

Caros e caras que, como eu, insistem em não fugir do Brasil — esse país maravilhoso, vibrante e, claro, permanentemente à beira de um colapso… ou de um carnaval. Antes que me acusem de qualquer pretensão messiânica ou de querer reeditar manifestos históricos, tranquilizo: não, não vim fazer uma “Carta ao Povo Brasileiro”. Não tenho tempo, nem paciência, tampouco gosto de redigir textos para acalmar ânimos — minha preferência é sempre por cutucar feridas, abrir reflexões e, quem sabe, provocar aquele sorriso meio cínico de quem sabe que o mundo não vai melhorar, mas a gente segue tentando. E o tema, ah… o tema é eterno: como sobreviver, investir e prosperar num país onde a única certeza é a incerteza. O Brasil, meus caros, não é para amadores — e, ao contrário do que se imagina, também não é para otimistas ingênuos. É para realistas sarcásticos, para os resilientes que sabem que o caos é apenas o estado natural das coisas por aqui. O Brasil: esse maravilhoso caos perene Sim, estamos...

O olho (in)visível do dono: por que a governança importa mais do que o “poder de marca” que você vê no outdoor

Existe um provérbio rural que diz: “é o olho do dono que engorda o gado”. Poético, não? Mas também implacavelmente verdadeiro — e não apenas para o boiadeiro que vigia seus pastos, mas para nós, investidores que, mesmo de longe e muitas vezes no escuro (literal ou figurativamente), precisamos decidir se vale a pena colocar nosso dinheiro ali, naquele rebanho corporativo. Ah, minha leitora, meu leitor… Como seria bom se o mercado fosse feito apenas de narrativas emocionantes, CEOs inspiradores e slogans minimalistas! Mas não, a realidade do mundo corporativo exige muito mais do que PowerPoints bonitos e campanhas publicitárias com estética de TED Talk. O que realmente importa, o que separa o pasto fértil da terra arrasada, é aquilo que o investidor médio prefere ignorar: a governança . Governança corporativa: essa palavra pomposa que soa como se fosse privilégio exclusivo de quem usa terno e cita manuais da Harvard Business Review… quando, na verdade, deveria ser o mantra diário até d...

O Exponencial (In)visível: como o tempo, esse velho astuto, decide se você investe ou financia sua própria ruína

Hoje acordei, como faço todos os dias, com aquela leve percepção de que o tempo não espera ninguém. Para quem não vê, ele é menos uma linha e mais uma coleção de sensações: o cheiro do café fresco, o tilintar das moedas poupadas, o calor do sol atravessando a janela fechada. E por falar em tempo, tema caprichosamente oportuno, resolvi compartilhar algo que, para mim, foi uma epifania mais impactante do que qualquer planilha: a majestade cruel e gloriosa da fórmula dos juros compostos. Sim, aquele emaranhado de símbolos que, à primeira vista, parece uma charada criptografada por algum financista sádico: M = C (1 + i) ^ t Onde: M é o montante, ou seja, aquela quantia mágica que você sonha alcançar para ostentar, com ironia, a expressão “dinheiro trabalhando para mim”. C é o capital, ou, sejamos sinceros, o tanto que você conseguiu não gastar em parcelinhas de 12 vezes “sem juros”. i é a taxa, aquela variável que muita gente idolatra, correndo atrás de CDBs que prometem mai...

O grande dinheiro está na espera… e na paciência Preguiça!

Certa vez, um grande investidor — desses que lançam frases que depois ganham as redes sociais em fontes cursivas sobre imagens de pores do sol — afirmou: “o grande dinheiro está na espera”. E, veja bem, eu concordo. Mas não como quem compartilha uma plaquinha motivacional ao lado da cafeteira. Concordo como quem já ficou anos, de olhos vendados (literalmente), acompanhando ações que pareciam mais pacientes que uma preguiça amazônica, aquela criatura tão parcimoniosa que leva uma semana para atravessar um galho. Enquanto a maioria dos investidores reza para que o preço das ações suba mais rápido do que o arroz no supermercado, nós, os esquisitos da renda variável disciplinada, torcemos justamente pelo oposto: que as ações fiquem ali, rastejando, imóveis, na languidez estratégica, nos dando tempo para comprar mais e mais. Sim, somos como aqueles colecionadores obsessivos que não querem o último exemplar da edição rara, mas desejam todas as cópias possíveis. Mas, veja, esse tipo de paci...

Calma, Vai Dar Tudo Certo — Ou: Como Enriquecer Sem Precisar de um Cardiologista

Se eu ganhasse um real toda vez que ouço “mas essa ação só cai!”… bem, eu já teria o suficiente para comprar um café gourmet — ou ao menos um cappuccino de máquina de escritório, aquele com gosto questionável de especulação mal feita. O fato é: a cena se repete como um meme ruim. O investidor começa a comprar uma ação sólida, essencial, bem administrada, que está passando por uma daquelas fases — sabe? O clássico “não é você, sou eu… e também o cenário macroeconômico, a inflação, o ciclo de juros, a crise setorial, o cometa que ameaça a Terra”. Resultado: o preço afunda, o mercado entra em modo pânico, e o investidor… bom, o investidor raiz segue comprando. Zen. Pleno. Quase um monge financeiro. E aqui vai a moral da história: calma, vai dar tudo certo . Quando Comprar é um Ato de Fé — Mas com Planilha Enquanto os desesperados gritam “essa ação nunca mais vai subir!”, o investidor raiz ajusta o óculos, ou no meu caso, o sintetizador de voz, e pensa: ' o fundamento segue?' ....

O Mistério da Ação Barata: Quando a Paciência Vira Dividendos e o Medo Vira Meme

O ano é 2061, o Cometa Halley está nos visitando, a humanidade já colonizou Marte, a pizza agora vem em cápsulas, os carros flutuam... mas aquela empresa de saneamento segue ali, firme, discreta, pagando dividendos, barata e... R$ 7 . Sim, meu caro leitor, minha cara leitora, enquanto a especulação gira como um carrossel desgovernado e a última criptomoeda meme salta 200% em uma madrugada, a sua pacata empresa de saneamento permanece estática — e absolutamente saudável. Como aquela tia que nunca saiu do bairro, mas que aos 75 anos acumula cinco imóveis alugados e uma conta bancária tão robusta quanto a sua independência. Por aqui, no universo da renda variável raiz, chamamos isso de: solidez ignorada . O fenômeno é fascinante: empresas essenciais, com resultados consistentes, distribuindo dividendos religiosamente, e que, ainda assim, não entram na “moda”. Não têm a glória de um IPO bombástico, nem os holofotes de uma tech que promete reinventar a roda… só possuem aquele pequeno deta...