O Passado Também É Volátil, Principalmente Quando Está Em PDF: Como o passado financeiro virou um PowerPoint com transtorno dissociativo?
Algumas pessoas mentem com a boca. Outras, com os dedos. E há aquelas que preferem mentir com uma planilha. São as mais perigosas: usam gráficos como álibis, retroprojeções como áureas santificadas e médias históricas como bengalas para justificar toda sorte de dogmas financeiros. Há quem diga que o passado é imutável. Essas almas puras, que provavelmente ainda acreditam em comunicados do RI como literatura honesta, esquecem que o passado é editável. E não só por governos autoritários ou por roteiristas de novela revisionista, mas por gestores, economistas, investidores — e até por você, leitor ou leitora, que já limpou o extrato para apresentar um histórico “menos caótico” à terapeuta ou ao cônjuge. Não se engane: o passado financeiro é uma colcha de retalhos reencapada a cada ciclo de mercado. É a arte do “não foi bem assim”, o balé da “reestruturação contábil”, o sarau da “mudança metodológica”. E quando os números não cooperam com a narrativa, trocam-se os números — ou trocam-se ...