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Crer para ver: como investir no Brasil sem perder a sanidade — ou o bom humor

Caros e caras que, como eu, insistem em não fugir do Brasil — esse país maravilhoso, vibrante e, claro, permanentemente à beira de um colapso… ou de um carnaval. Antes que me acusem de qualquer pretensão messiânica ou de querer reeditar manifestos históricos, tranquilizo: não, não vim fazer uma “Carta ao Povo Brasileiro”. Não tenho tempo, nem paciência, tampouco gosto de redigir textos para acalmar ânimos — minha preferência é sempre por cutucar feridas, abrir reflexões e, quem sabe, provocar aquele sorriso meio cínico de quem sabe que o mundo não vai melhorar, mas a gente segue tentando. E o tema, ah… o tema é eterno: como sobreviver, investir e prosperar num país onde a única certeza é a incerteza. O Brasil, meus caros, não é para amadores — e, ao contrário do que se imagina, também não é para otimistas ingênuos. É para realistas sarcásticos, para os resilientes que sabem que o caos é apenas o estado natural das coisas por aqui. O Brasil: esse maravilhoso caos perene Sim, estamos...

O olho (in)visível do dono: por que a governança importa mais do que o “poder de marca” que você vê no outdoor

Existe um provérbio rural que diz: “é o olho do dono que engorda o gado”. Poético, não? Mas também implacavelmente verdadeiro — e não apenas para o boiadeiro que vigia seus pastos, mas para nós, investidores que, mesmo de longe e muitas vezes no escuro (literal ou figurativamente), precisamos decidir se vale a pena colocar nosso dinheiro ali, naquele rebanho corporativo. Ah, minha leitora, meu leitor… Como seria bom se o mercado fosse feito apenas de narrativas emocionantes, CEOs inspiradores e slogans minimalistas! Mas não, a realidade do mundo corporativo exige muito mais do que PowerPoints bonitos e campanhas publicitárias com estética de TED Talk. O que realmente importa, o que separa o pasto fértil da terra arrasada, é aquilo que o investidor médio prefere ignorar: a governança . Governança corporativa: essa palavra pomposa que soa como se fosse privilégio exclusivo de quem usa terno e cita manuais da Harvard Business Review… quando, na verdade, deveria ser o mantra diário até d...

O Exponencial (In)visível: como o tempo, esse velho astuto, decide se você investe ou financia sua própria ruína

Hoje acordei, como faço todos os dias, com aquela leve percepção de que o tempo não espera ninguém. Para quem não vê, ele é menos uma linha e mais uma coleção de sensações: o cheiro do café fresco, o tilintar das moedas poupadas, o calor do sol atravessando a janela fechada. E por falar em tempo, tema caprichosamente oportuno, resolvi compartilhar algo que, para mim, foi uma epifania mais impactante do que qualquer planilha: a majestade cruel e gloriosa da fórmula dos juros compostos. Sim, aquele emaranhado de símbolos que, à primeira vista, parece uma charada criptografada por algum financista sádico: M = C (1 + i) ^ t Onde: M é o montante, ou seja, aquela quantia mágica que você sonha alcançar para ostentar, com ironia, a expressão “dinheiro trabalhando para mim”. C é o capital, ou, sejamos sinceros, o tanto que você conseguiu não gastar em parcelinhas de 12 vezes “sem juros”. i é a taxa, aquela variável que muita gente idolatra, correndo atrás de CDBs que prometem mai...

O grande dinheiro está na espera… e na paciência Preguiça!

Certa vez, um grande investidor — desses que lançam frases que depois ganham as redes sociais em fontes cursivas sobre imagens de pores do sol — afirmou: “o grande dinheiro está na espera”. E, veja bem, eu concordo. Mas não como quem compartilha uma plaquinha motivacional ao lado da cafeteira. Concordo como quem já ficou anos, de olhos vendados (literalmente), acompanhando ações que pareciam mais pacientes que uma preguiça amazônica, aquela criatura tão parcimoniosa que leva uma semana para atravessar um galho. Enquanto a maioria dos investidores reza para que o preço das ações suba mais rápido do que o arroz no supermercado, nós, os esquisitos da renda variável disciplinada, torcemos justamente pelo oposto: que as ações fiquem ali, rastejando, imóveis, na languidez estratégica, nos dando tempo para comprar mais e mais. Sim, somos como aqueles colecionadores obsessivos que não querem o último exemplar da edição rara, mas desejam todas as cópias possíveis. Mas, veja, esse tipo de paci...

Calma, Vai Dar Tudo Certo — Ou: Como Enriquecer Sem Precisar de um Cardiologista

Se eu ganhasse um real toda vez que ouço “mas essa ação só cai!”… bem, eu já teria o suficiente para comprar um café gourmet — ou ao menos um cappuccino de máquina de escritório, aquele com gosto questionável de especulação mal feita. O fato é: a cena se repete como um meme ruim. O investidor começa a comprar uma ação sólida, essencial, bem administrada, que está passando por uma daquelas fases — sabe? O clássico “não é você, sou eu… e também o cenário macroeconômico, a inflação, o ciclo de juros, a crise setorial, o cometa que ameaça a Terra”. Resultado: o preço afunda, o mercado entra em modo pânico, e o investidor… bom, o investidor raiz segue comprando. Zen. Pleno. Quase um monge financeiro. E aqui vai a moral da história: calma, vai dar tudo certo . Quando Comprar é um Ato de Fé — Mas com Planilha Enquanto os desesperados gritam “essa ação nunca mais vai subir!”, o investidor raiz ajusta o óculos, ou no meu caso, o sintetizador de voz, e pensa: ' o fundamento segue?' ....

O Mistério da Ação Barata: Quando a Paciência Vira Dividendos e o Medo Vira Meme

O ano é 2061, o Cometa Halley está nos visitando, a humanidade já colonizou Marte, a pizza agora vem em cápsulas, os carros flutuam... mas aquela empresa de saneamento segue ali, firme, discreta, pagando dividendos, barata e... R$ 7 . Sim, meu caro leitor, minha cara leitora, enquanto a especulação gira como um carrossel desgovernado e a última criptomoeda meme salta 200% em uma madrugada, a sua pacata empresa de saneamento permanece estática — e absolutamente saudável. Como aquela tia que nunca saiu do bairro, mas que aos 75 anos acumula cinco imóveis alugados e uma conta bancária tão robusta quanto a sua independência. Por aqui, no universo da renda variável raiz, chamamos isso de: solidez ignorada . O fenômeno é fascinante: empresas essenciais, com resultados consistentes, distribuindo dividendos religiosamente, e que, ainda assim, não entram na “moda”. Não têm a glória de um IPO bombástico, nem os holofotes de uma tech que promete reinventar a roda… só possuem aquele pequeno deta...

Preço Teto: A Arte de Não Pagar o Preço de Trouxa [Indicadores Financeiros parte 2]

Dizem que quem ama pizza não mede consequências — mas quem ama dividendos, ah… mede tudo, inclusive o Preço Teto. Esse é aquele limite sagrado que separa o investidor previdente do especulador que compra ação como quem pede pizza extra de calabresa: impulsivamente e sem pensar no colesterol, ou pior, no retorno. Vamos à fórmula básica: Preço Teto = Dividendos / Retorno Desejado Simples, direto e cirúrgico, como um bom corte de pizza. E para ilustrar, imaginemos a seguinte cena: uma pizzaria, das boas, daquelas que servem pizza com borda de catupiry e auditório lotado aos finais de semana. O dono, visionário, quer transformar a pizzaria em um case de sucesso financeiro — e, claro, distribuir dividendos. O Cenário da Pizzaria: Receita anual: R$ 100.000 Lucro líquido anual: R$ 20.000 Payout (percentual do lucro distribuído em dividendos): 50% Dividendos anuais: R$ 10.000 Você, um investidor previdente, decide: “Só entro nesse forno se o retorno for no mínimo 6% ao ano e...

Indicadores Financeiros: As Lentes Que Seu Dinheiro Precisa (porque cegueira financeira não tem charme) [parte 1]

Eu perdi a visão aos 44 anos, mas, acredite, desde então enxergo muito mais. Especialmente quando o assunto é mercado financeiro. Sabe por quê? Porque a maioria das pessoas olha, mas não vê. É como aquele clichê maravilhoso do "amor à primeira vista": uma mentira confortável para justificar decisões emocionais — muito parecido com o que acontece no mundo dos investimentos. Investidores, em geral, adoram olhar para indicadores financeiros como se fossem aquelas bolas de cristal dos filmes antigos. A diferença é que, na vida real, não há trilha sonora indicando perigo iminente, nem um close dramático avisando que você está prestes a fazer besteira. É exatamente por isso que você precisa entender, com clareza meridiana, esses tais indicadores financeiros. Vamos então colocar nossas luvas cirúrgicas e dissecar alguns dos principais indicadores do mercado, sem deixar de lado aquela pitada generosa de ironia e acidez elegante que você já conhece tão bem. 1. O Clássico P/L (Preço so...

Multiplicando Dinheiro sem Milagres: ou Como os Juros Compostos são a Última Magia Real do Capitalismo

Esses dias, enquanto tomava um chá no escuro literal da minha cegueira e no brilho metafórico da minha lucidez adquirida depois dos 44 anos (obrigada, universo, por trocar minhas retinas por um cérebro que pensa por conta própria!), lembrei-me de uma aula de matemática lá da quinta série. Não aquela das equações de segundo grau que você jamais utilizou na vida adulta, mas aquela bem básica, sabe? Aquela sobre juros compostos, que provavelmente você ignorou solenemente enquanto rabiscava o nome do crush no caderno. Pois bem, aqui estamos nós, adultos, correndo atrás do prejuízo porque na época ninguém nos avisou que, no capitalismo moderno, juros compostos são a única magia que ainda resta, digna de Hogwarts financeiro. Mas, calma, caro leitor, não estou aqui para ensinar matemática básica (já basta o professor sofrido que tentou e fracassou). Meu objetivo é muito mais divertido: quero desconstruir essa idolatria juvenil pelos multiplicadores milagrosos de patrimônio com uma pitada de i...

Esqueça os Gurus da Internet: Meu Avô do Tibet me Ensinou Mais sobre Dinheiro (sem jamais ter visto uma nota de cem)

Quando eu ainda conseguia enxergar fisicamente o mundo — antes da minha fase dos "enta" (quarenta anos), época em que perdi a visão mas ganhei algo ainda mais poderoso, a clareza mental — costumava observar meu avô materno, um homem fascinante, vindo lá do Tibet, com a calma dos monges e a sabedoria afiada dos filósofos. Ele era o tipo de pessoa que podia lhe dar uma aula de finanças sem sequer mencionar dinheiro. Aliás, acho que ele sequer sabia o que era um "CDI", mas compreendia muito bem o conceito de riqueza. Lembro-me de tê-lo visto sentado pacientemente sob uma árvore centenária enquanto eu, aos oito anos, ainda via o dinheiro como aquelas notas coloridas capazes de trocar por doces ou um brinquedo novo — algo parecido com a mágica dos contos infantis. Foi em uma dessas tardes tranquilas, com o vento suave balançando as folhas, que ele me apresentou sete princípios fundamentais que carreguei comigo pela vida afora. Hoje, quando vejo — ironia proposital — pais...

O Milagre Financeiro Que Ninguém Quer (Mas Todos Precisam)

  “Multiplicar o dinheiro por mais de doze vezes com tranquilidade e sabedoria” – soa como promessa barata de anúncio no YouTube, não é mesmo? E, se você pensou exatamente isso, parabéns! Você ainda conserva algum bom senso diante das ofertas milagrosas do mercado financeiro. Mas sinto informar: você também pode estar cometendo o pior dos equívocos financeiros. Não por desacreditar do milagre, mas por não entender que, nas finanças, o único milagre real atende pelo nome de "juros compostos". Sim, aquela palavrinha mágica, o feijão com arroz do enriquecimento lento e insosso, porém garantido. E já posso ouvir você suspirando aí do outro lado: "Mas Ho-kei, juros compostos, de novo?". Sim, querido leitor, querida leitora, novamente e eternamente, até que seu cérebro aceite que riqueza construída com calma é mais duradoura que fortuna feita na adrenalina de apostas rápidas. Se você está aqui lendo isto, sabedoria certamente não lhe falta. Disciplina e paciência, porém, ...

Executivos Ricos, Acionistas Pobres: A Trágica Ópera das Bolsas

Dizem que o mercado de ações é um teatro. Eu discordo: teatro tem roteiro. O mercado, meus caros, é mais próximo de uma ópera improvisada, com heróis, vilões e, claro, vítimas inocentes – quase sempre, investidores minoritários que compraram ingressos esperando um espetáculo sério e acabaram assistindo a uma tragicomédia. Ainda relendo meu diário de investimentos de anos atrás, dois episódios nada edificantes me lembraram disso. Não darei os nomes reais, porque minha ironia é elegante demais para tribunais. Mas fiquem comigo, o veneno vem refinado. Comecemos com a história do visionário fundador de uma grande rede varejista que se dizia pet-friendly, cujo CEO resolveu vender uma parcela expressiva de suas ações, alegando "necessidade de liquidez pessoal". Ah, a liquidez… A justificativa clássica para um CEO colocar milhões no bolso e deixar investidores com aquela expressão de quem perdeu o cachorro – literalmente, neste caso. É claro que o controlador pode vender ações. É di...