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Mostrando postagens de novembro, 2025

O Último Silêncio Antes do Pop-Up (e por que isso pode ajudar investidores?)

De todas as revoluções possíveis no século XXI — a digital, a genética, a climática e a das figurinhas animadas — talvez a mais urgente seja esta: reaprender a permanecer. Permanecer no parágrafo. Na ideia. Na frase que não entrega tudo de bandeja, mas exige um gole de tempo e dois de atenção. Permanecer mesmo quando o celular tilinta, o relógio vibra e o mundo sussurra que pensar demais é improdutivo. Porque ler — eu digo ler de verdade, com o fígado e não com a digital — virou, sim, um ato subversivo. E não falo aqui de decorar jargões de coach ou folhear livros coloridos com resumos prontos. Falo da leitura que desafia a pressa e espanca o algoritmo. Aquela que desorganiza certezas e, por isso mesmo, reorganiza o pensamento. Mas quem ainda lê assim? A Falência do Foco Parcelado Hoje, para ler um parágrafo inteiro, é preciso vencer uma maratona de estímulos: banners piscando, vídeos que prometem mudar sua vida em 14 segundos e alertas de promoções que nunca te promovem a nada a...

A Economia dos Idiotas Únicos — Por que acreditar em um vilão só é o investimento mais caro da sua vida

Dizem que o mundo moderno é obcecado por respostas fáceis. A internet está cheia de gurus que explicam a crise da sua vida em três passos, o fim da inflação em um reajuste mágico e a liberdade financeira em uma planilha colorida que, se fosse levada a sério, já teria resolvido até a dívida externa do Egito Antigo. Pois bem: apresento-lhes o espécime mais perigoso do mundo dos negócios e da fauna econômica contemporânea — o Intelectual de Uma Variável Só . Esse sujeito é a versão financeira do terraplanista: vive num mundo achatado, sem relevo, onde um único fator explica tudo. Para ele, a culpa de todos os males é dos juros. Ou da concentração de renda. Ou do capitalismo. Ou do Estado. Ou do mercado. Tanto faz. A lógica é sempre a mesma: um vilão único, uma cura milagrosa, um aplauso fácil . E é justamente por isso que fazem tanto sucesso. O Fast-food das Ideias Vivemos num tempo em que as pessoas têm preguiça de mastigar conceitos. Querem soluções embaladas, sem espinhas, fáceis ...

Rebelar é Investir — Ou por que os verdadeiros rebeldes quebram a lógica de mercado com dividendos

Se rebeldia fosse uma ação, estaria em alta, custando fortuna e com todo mundo convencido de que é bonitinha. Mas deixe-me contar: os rebeldes que realmente fazem história — e dinheiro — são os que investem onde o aplauso ainda não chegou, os que acreditam que o valor embutido em uma empresa fala mais alto que o ruído do momento. E é aí que está o veneno financeiro com verniz: provocador, elegante, proposital. Rebeldes que não se parecem com heróis de filme Gandhi nunca fez memes motivacionais. Martin Luther King Jr. não tinha briefing de marketing. Steve Jobs não era heroico pelo brilho da sua aura, mas pela audácia de ir contra o conformismo do teclado e da tela. Esses são os rebeldes que importa citar, porque, por mais que o mercado tente transformá-los em slogans, você sente o peso real da visão e não da hashtag. Obviamente, inspiração financeira também tem seu repertório de inconformistas. Em terras brasileiras, Luiz Barsi Filho — conhecido como “rei dos dividendos” — recusou o...

Quem Planta Esperança Investindo por Inveja Hoje, Acaba Colhendo Frustração Amanhã.

Voltei com o mesmo tema da inveja, mas com ar altivo de comparação. Você já ouviu o conselho universal dos infelizes performáticos? “Se compare apenas consigo mesmo.” Pois eu lhe digo: até isso é perigoso — porque até o “você mesmo” de ontem anda dopado de expectativas irreais e métricas que ninguém pediu para seguir. A lógica da comparação, quando se instala no campo financeiro, é como plantar inveja e esperar colher dividendos. O resultado é sempre o mesmo: carteira ansiosa, decisões histéricas e uma sensação crônica de estar atrasado na vida. Não importa se você tem 20 ou 70 anos — se caiu no ciclo da comparação, já entrou no lucro dos outros e no prejuízo do seu juízo. A bolsa não é um espelho mágico Não sei quantos milhões de vezes já repetiram que “cada investidor tem um perfil”, mas o que isso importa quando a métrica invisível é o lucro alheio postado em redes sociais maquiadas com filtro de sucesso? Comparar sua jornada com a de outra pessoa no mercado é como criticar o sa...